Vera Pessoa
Longe de vós passarei os dias, meses
e anos enquanto aqui perambular.
Malhados e belos eram abril, julho e
agosto, vestidos com toda a alegria.
Por inteiro os cheiros, as cores e
as coisas infundiam as vossas almas juvenis!
Até a noite, que é tão longa,
discreta e escura, saltitava e ria.
Agora, não mais me tocam as flores
com os seus afetuosos cheiros
E nem as águas com as suas cores e
gotas de cristais gélidos.
Nenhuma das vossas, também,
maravilhas matérias sonhei comigo esconder
E com dores abri as mãos,
soltando-vos pelo caminho que um dia conhecerei.
As canções já não me induzem a
narrar um longo ou curto conto de ilusão.
Nem mais o alvor do livro, suas
magias e o ar ainda podem me seduzir.
Não me sensibilizam o rubro das
flores e as ondas verde-azuis do mar.
Tudo e todos eram a semelhança dos
vossos olhos, das vossas sombras!
São
Paulo, 27. VIII. 2016.
(Papai,2010; Virgínia,2013; Mãezinha,2015; Lupércio,2016)
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