Proteja-se da pessoa narcísica: afaste-se dela e não permita que ela chegue muito perto de você.

                                       Vera Helena Pessoa

 

 

Queridos amigos, por causa de certas pessoas que afirmam ser brasileiras, estou muito triste. Um determinado texto dizia que “os eleitores de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se importam mais com saúde e emprego e menos com o combate à corrupção, na hora de votar”.

 

Se eu sentia dores e arrepios ao imaginar que ainda havia brasileiros lulistas, agora sofro muito mais, porque estou concluindo que esses não demonstram dar a justa importância, à  maneira hostil e humilhante em que o Brasil foi tratado, durante a corrupta administração de Luiz Inácio Lula da Silva, quando foi presidente da República, e do seu partido, PT.

 

Ficam, então, algumas perguntas entre inúmeras delas: onde está a autoestima dessas pessoas que apoiam Lula?  E o amor à Pátria Brasil?

 

Todos nós sabemos que a autoestima é uma parte importante para o próprio sucesso: muito pouca autoestima pode deixar a pessoa sentindo-se derrotada e deprimida e a levar a fazer escolhas erradas; cair em relacionamentos destrutivos; deixar de viver o seu pleno potencial etecetera.

 

Mas o que pode acontecer com uma extremada autoestima? Surge então o narcisismo que rasga, quebra, divide, destrói, prejudica, etecetera, as relações interpessoais e as sociais.

 

Também, a psicanálise aborda a identificação como a mais remota expressão de um laço emocional com outra pessoa.

 

Identificar-se com alguém significa tomar para si, características e traços que são de outra pessoa. Em outras palavras, trata-se de um processo psíquico, em que a pessoa, inconscientemente, passa a “imitar” a outra.

 

Por exemplo, é o que acontece quando uma criança começa a falar de forma muito semelhante a um colega de escola. Pode ser também, um marido que outrora odiava música erudita e se torna fã desse estilo musical que, “coincidentemente” é o preferido de sua  esposa.

 

Portanto, Freud, no capítulo VII do livro “Psicologia das massas e a análise do eu”, 1921, está dizendo que a identificação é o modo mais básico que utilizamos, para nos relacionarmos com as pessoas. Trazendo para dentro do nosso eu, traços que são do outro. Nesse sentido, aquilo que eu chamo de “minha personalidade”, ou seja, o conjunto de atributos que caracterizam quem sou, no fim das contas, é uma mistura de traços de outra pessoa dentro de mim.

 

Freud distingue três modalidades de identificação:

 

A primeira é aquela em que eu tomo o outro como ideal, ou seja, em que eu me identifico com a pessoa porque quero ser como ela. O garotinho que passou a falar de modo muito parecido com seu colega, pode ter começado a agir assim, porque queria ser tão popular quanto ele.

 

A segunda acontece como uma reação à perda de uma pessoa amada, ou em função da impossibilidade de acesso a ela. Nesse caso, eu me identifico com o outro porque não posso tê-lo. O marido que passou a gostar de música erudita pode ter feito essa identificação com a esposa, por quem está apaixonado, justamente porque não pode, conscientemente, reconhecer seu desejo por ela.

 

A terceira modalidade de identificação é a que acontece, quando nos vemos na mesma situação de outra pessoa ou percebemos ter algum elemento em comum com ela. Uma amiga, N., por exemplo, pode começar a ter sintomas depressivos quase idênticos aos que sua amiga, D. apresenta, após saber que um  familiar, assim como ela, sofreu uma imensa e recente decepção amorosa.

 

Ao tecer sucintos apontamentos sobre determinados transtornos psicológicos, ressalto que, ao senso comum, tais problemas são usados para apenas descreverem características que, muitas vezes, são psicologicamente reveladoras como: “essa pessoa é extrovertida ou aquela é tímida” ; “ essa pessoa é ladra e aquela é honesta “ ; “essa mulher veio de uma vida sofrida, por isso tem personalidade rígida e fria”. Porém, todos os comportamentos estão relacionados às mudanças de habilidades, atitudes, crenças, emoções, desejos, ao modo constante e particular da pessoa perceber, pensar, sentir e comportar-se . Acrescidas as influências das variáveis culturais e sociais: tendo assim causas multifatoriais. Significando que não existe apenas uma causa que explique - é a mescla de vários elementos juntos como por exemplo:

 

• Fatores genéticos

• Fatores culturais

• Contexto social

• História de vida

 

Observando continuamente a pessoa humana, sem julgamentos, rotulações e percebendo as variáveis citadas acima (a genética, cultural, social e história de vida), nos é possível ter claros, os traços de seu mundo interno e de pessoas que estão à sua volta.

 

E agora, após ter feito alguns apontamentos, e deixando com vocês as possíveis reflexões,  passo a abordar o coração desse trabalho:

 

“Psicologia da corrupção sobre a abordagem da psicologia da cognição”.

 

A.- Corrupção

 

À corrupção, corresponde uma variedade de comportamentos que têm como princípio, a apropriação indevida por uma autoridade pública. O que causa prejuízos materiais e morais a uma sociedade, por operar contra leis. Esta conduta causa impactos negativos em áreas como crescimento econômico, emprego, qualidade no fornecimento de serviços públicos, meio ambiente, níveis de desigualdades como também na credibilidade da nação em negociações internacionais.

 

Sob essa perspectiva, utilizo o termo “desengajamento moral” para definir um processo cognitivo, pelo qual um indivíduo reinterpreta seus conceitos morais, de forma que pode modificar ou bloquear seu julgamento moral. Tornando-se capaz de realizar atos desumanos sem sentir culpa e, até mesmo, sem sofrer por causa da quantidade de estresse que viveu ou vive.

 

O “desengajamento moral” ocorre por meio de subprocessos cognitivos como: simplificar um dilema por meio de racionalizações e eufemismos (deturpação cognitiva); minimizar o próprio papel na conduta ilícita ou admitir que a mesma é inevitável, deslocando a responsabilidade para as circunstâncias; reduzir a dissonância cognitiva, desumanizando as vítimas ou culpando as mesmas pela ocorrência do ato corrupto.

 

As racionalizações permitem que os indivíduos justifiquem seus atos para si mesmos e perpetuem a corrupção dentro de uma nação, por exemplo, tornando-a sistêmica e resistente.

 

Outro pensamento comum em pessoas que cometem esse tipo de crime, envolve o viés de reciprocidade, onde há uma cooperação como forma de “pagamento” por uma ajuda recebida anteriormente. Isso pode ser ilustrado pela ideia de que “você me ajuda e eu te ajudo”. Dessa forma, é possível que uma relação de cooperação ilegal surja e se perpetue em uma organização.

 

Na psicologia da corrupção, fica explícita a complexidade que envolve as causas da corrupção, de modo que até aspectos hormonais participam de forma relevante, na ocorrência deste comportamento.

 

Também o apego ao poder exerce grande influência. O que significa que a tomada de decisão frente ao dilema de agir de forma corrupta, não envolve apenas fatores externos ou internos ao indivíduo, mas justamente a sua compreensão acerca dos dois e como estes influenciam seus processos cognitivos.

 

B.-Psicologia da corrupção

 

É possível analisar o comportamento corrupto sob uma perspectiva cognitiva, na tomada de decisão - a pessoa faz operações mentais baseadas nos possíveis custos e benefícios oriundos de sua conduta e decide executar a mesma se acreditar que:

 

(1) ganhos podem compensar as possíveis perdas. Esse modelo ilustra o dilema que ocorre durante a tomada de decisão no comportamento corrupto, onde a pessoa acaba escolhendo dar preferência aos seus  interesses.

Sabe-se também que durante o processo de tomada de decisão, a antecipação mental dos cenários decorrentes possíveis é um fator crucial, para a escolha da ação da pessoa; 

 

(2) a antecipação do ato criminoso pode causar sensações positivas ou negativas segundo as crenças que a pessoa tem sobre a probabilidade de sua conduta o favorecer ou de  prejudicá-lo;

 

(3) na posição de poder, a pessoa tem mais facilidade para executar o ato criminoso.

O que demonstra aumentarem as oportunidades para a pessoa agir de forma indigna. É  bem possível que, ao obter poder, ocorram estimulações cerebrais que venham modificar o cognitivo do indivíduo, em relação ao próprio julgamento moral . Dessa forma, a pessoa se sente permitida a ter uma maior inclinação para cometer atos ilícitos.

 

Acrescenta-se que há pessoas que possuem traços psicológicos narcísicos e esses podem ser exacerbados quando elas se encontram em uma posição de superioridade. A pessoa pode começar a acreditar que merece algum tipo de tratamento especial e que não precisa respeitar regras, o que pode se tornar bastante prejudicial para a estrutura da nação.

 

Desta forma, é provável que o comportamento corrupto ocorra com maior frequência em pessoas que sentem mais emoções positivas advindas da antecipação de cenários favoráveis, como os lucros financeiros resultantes da ação criminosa. Ainda pode ocorrer uma sensação específica de prazer, decorrente de se livrar da punição por cometer um ato ilícito.

 

Como a antecipação de cenários que uma pessoa acredita ser mais ou menos provável está relacionada com o seu processo de tomada de decisão, no caso de um indivíduo que possui pouco conhecimento sobre a probabilidade de ser pego e sofrer penalidades, a sua conduta ilícita pode se perpetuar, também, por falta de informações educativas, que o levariam a acreditar que há grandes chances de ser capturado ao cometer delitos.

 

C.-Conclusão

 

Movimentos sociais e políticos de conscientização sobre o combate à corrupção podem ser úteis para reduzir esse tipo de crime.

 

Entretanto, existe a possibilidade de certos tipos de campanhas causarem o efeito contrário, a depender de sua execução. Por exemplo, movimentos que focam em disseminar uma cultura de tolerância zero para com a corrupção, podem causar um aumento na intensidade ou frequência deste ato, pois os criminosos podem buscar obter a maior quantidade de lucros ilegais a curto prazo - pelo receio de serem pegos quando se aplicarem novas políticas de combate em um futuro próximo.

 

Desta forma, meus amados amigos, fica evidenciada a complexidade que envolve o fenômeno corrupção e como pode ser difícil elaborar estratégias de enfrentamento eficaz contra esse enorme e devastador desastre para o  nosso Brasil.

 

Que o SENHOR nos abençoe e indique os caminhos em que devemos andar.

 

LEITURAS

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1.- ABRAHAM, Juneman; SULEEMAN, Julia; TAKWIN, Bagus. The Psychology of Corruption: The Role of the Counterfeit Self, Entity Self-Theory, and Outcome-Based Ethical Mindset. Journal Of Psychological & Educational Research, Jacarta, v. 2, n. 26, p.7-32, 2018.

 

2.- BARBON,Júlia. FOLHAPRESS. Rio de  Janeiro, RJ ,2022.

 

3.-DUPUY, Kendra; NESET Siri. The cognitive psychology of corruption: Micro-level explanations for unethical behaviour. U4 Anti-corruption centre, 2018.2.

 

4.FREUD, S. Psicologia das massas e a análise do eu, capítulo VII, 1921

 

5.- KÖBIS, Nils C. et al. Prospection in individual and interpersonal corruption dilemmas. Review Of General Psychology, Amsterdan, v. 1, n. 20, p.71-85, abr. ,2016.

 

6.- MELO, Henrique B. Psicologia da corrupção: uma abordagem cognitiva, 2019.

 

7.-The Social Psychology of Corruption – Global Trade Without Corruption; Paris – France. April 2016.

 

São Paulo, 11 de Setembro de 2022

5 horas 30 minutos

 

"O Fabricante de Máscaras" - Wikicommons, Carlos Orduna.

 

 

 

 

 

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