Tela: Artista Celito Medeiros
PRECONCEITO
Vera Pessoa Perguntamos: Já sofremos algum tipo de preconceito? Sempre ouvimos falar em preconceito, mas, afinal de contas, sabemos o que isso significa? Para compreendermos o que é preconceito, convém entendermos primeiro o conceito de atitude baseado nos estudos da Psicologia Social. Atitude é um sistema relativamente estável de organização de experiências e de comportamentos relacionados a um objeto ou evento particular. Observa-se que, para cada atitude, existe um conceito racional e cognitivo – crenças e ideias, valores afetivos associados a sentimentos e a emoções que, por sua vez, levam a uma série de tendências comportamentais: predisposições. Assim, toda atitude é composta por três componentes: um cognitivo, um afetivo e um comportamental.
v A cognição – o termo atitude é sempre empregado com referência a um objeto. Esse objeto pode ser uma abstração, uma pessoa, um grupo ou uma instituição social. v O afeto – é um valor que pode gerar sentimentos positivos que, por sua vez, geram uma atitude positiva; ou gerar sentimentos negativos que podem gerar atitudes negativas. v O comportamento – a predisposição: sentimentos positivos levam à aproximação; e negativos ao esquivamento ou ao escape.
Dessa forma, entendemos por preconceito uma atitude negativa que uma pessoa está predisposta a sentir, pensar, comportar-se em relação à determinada pessoa e grupo de uma forma negativa previsível, levando outras pessoas a terem os mesmos sentimentos e comportamentos.
É um fenômeno histórico e difuso: a sua intensidade leva a uma justificativa e legitimação de seus atos.Há grande sentimento de impotência ao se tentar mudar alguém com forte preconceito. Vemos nos outros os preconceitos e, raramente, em nós mesmos. Como por exemplo: Eu tenho formação acadêmica de acordo com o que desempenho, mas você um enganador.Eu sou bonito; você tem boa aparência, mas ele não a tem. Eu sou uma pessoa exigente, correta; você é um laisser-faire.Eu sou afetivo e sofrido; você tem boa vida e não conhece o sofrimento. Eu sou pobre; você é rico.
Assim como as atitudes em geral, o preconceito tem três componentes: crenças, sentimentos e tendências comportamentais. Crenças preconceituosas são sempre estereótipos negativos. Segundo Allport (1954), o preconceito é o resultado das frustrações das pessoas, que, em determinadas circunstâncias, podem se transformar em raiva e hostilidade. As pessoas que se sentem exploradas e oprimidas frequentemente não podem manifestar sua raiva contra um alvo identificável ou adequado; assim, deslocam sua hostilidade para aqueles que estão ainda mais “baixo”na escala social. O resultado é o preconceito e a discriminação. Já, para Adorno (1950), a fonte do preconceito é uma personalidade autoritária ou intolerante. Pessoas autoritárias tendem a ser rigidamente convencionais. Partidárias do seguimento às normas e do respeito à tradição, elas são hostis com aqueles que desafiam as regras sociais. Respeitam a autoridade e submetem-se a ela, bem como se preocupam com o poder da resistência. Ao olhar para o mundo através de uma lente de categorias rígidas, elas não acreditam na natureza humana, temendo e rejeitando todos os grupos sociais aos quais não pertencem, assim como suspeitam deles. O preconceito é uma manifestação de sua desconfiança e suspeita. Há, também, fontes cognitivas de preconceito. Os seres humanos são “avarentos cognitivos” que tentam simplificar e organizar seu pensamento social o máximo possível. A simplificação pode facilitar a pessoa a viver. Além disso, o preconceito e a discriminação podem ter suas origens nas tentativas que as pessoas fazem para se conformarem à sociedade.Se nos relacionamos com pessoas que são preconceituosas, é mais provável que as aceitemos do que resistamos a elas. Concluindo, observamos que o preconceito não passa de um conceito que criamos ou atribuímos antes de saber o que aquilo ou pessoa é realmente. Por meio do falso conceito, julgamos as pessoas e as coisas de forma errada e, muitas vezes, maltratamos, nos afastamos e levamos outros a se afastarem, humilhamos o próximo sem pensarmos nas consequências desses sórdidos atos. Entre as pessoas, mesmo nos pequenos grupos, existem várias formas de preconceito. Por exemplo: quando criticamos uma determinada religião sem conhecê-la de fato; quando julgamos as pessoas e as coisas pela aparência, etc. Geralmente, o preconceito é manifestado por aquilo que é diferente do cotidiano das pessoas, ou pelos falsos valores criados pelo grupo, por exemplo: por ser solteiro, ser negro, homossexual, pobre, nerd, pertencer à outra etnia, etc.Tudo isso é muito triste e revela a intolerância e a irracionalidade de alguns valores sociais. Grupos que mostram o medo de perder uma liderança, de se perceberem, de terem de se redimensionar - mesmo que a pessoa líder seja mentirosa, ladra dos sentimentos do outro, autoritária, mesquinha, falsa e enganosa. Será que temos preconceitos em relação às pessoas que escrevem textos poéticos, mas que não têm formação acadêmica? Que não são rotuladas pelo social intelectual como escritores, poetas? E às pessoas que oram, promovem a oração, mas que não pertencem a organizações superiores teológicas? “Triste época! É mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito.” (Albert Einstein). |
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Música:
Piano Concerto No. 3 in C minor op.
37
Compositor: Ludwig van Beethoven (1770-1827)
1. Movement "Allegro con brio"
Pianista: Glenn Gould
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