Tela: Artista Abbadia Pessoa

 

 

 Vera Pessoa

 

1 Diz o insensato no seu coração: Não há Deus. Corrompem-se e praticam abominação; já não há quem faça o bem.

2 Do céu olha o Senhor para os filhos dos homens, para ver se há quem entenda, se há quem busque a Deus.

3 Todos se extraviaram e juntamente se corromperam; não há quem faça o bem, não há nem um sequer.

4 Acaso não entendem todos os obreiros da iniquidade, que devoram o meu povo, como quem come pão, que não invocam o Senhor?

5 Tomar-se-ão de grande pavor, porque Deus está com a linhagem do justo.

6 Meteis ao ridículo o conselho dos humildes, mas o Senhor é o seu refúgio.

7 Tomara de Sião viesse já a salvação de Israel! Quando o Senhor restaurar a sorte do seu povo, então exultará Jacó, e Israel se alegrará.(Salmo 14:1-7).

 

A tradição judaico-cristã considera o rei Davi o autor do Salmo quatorze. Esse Salmo trata do caráter e da conduta da pessoa sem Deus. Ele toca a arrogância e a soberba do néscio. Segundo alguns estudiosos modernos da literatura do Antigo Testamento (AT), o citado Salmo seria um salmo do período exílico ou pós-exílico, tratando-se de um texto profético, pois a denúncia das injustiças sociais teria sido a pregação mais usada pelos profetas. Esses estudiosos dizem que um dos profetas desses dois períodos poderia ter escrito esse salmo. Ele é uma oração pedindo a proteção do Senhor contra o processo de influência do contexto e da materialização da vida em meio à corrupção geral na sociedade e mostra a confiança do salmista na intervenção de Deus em defesa do sensato. Defesa daquele que anseia por Jesus que veio para salvar.

* O ser humano sem Deus é corrupto e néscio

Segundo os estudiosos do Antigo Testamento, encontram-se três substantivos hebraicos que podem ser traduzidos por néscio, focalizando esses substantivos na deficiência moral, ética e religiosa em vez de uma deficiência mental:
(1) Iwwelet retrata o néscio como insolente ou rebelde, irascível e imprudente; (2) Kesil retrata o néscio como obstinado e de má vontade em aprender ou fazer o que é certo; (3) Nabal que retrata o néscio como uma pessoa fechada a Deus, à ética e à moralidade da Lei. Esse néscio nega a existência de Deus e abandona-se a grosseiros e a revoltantes pecados.

O autor do Salmo quatorze, versículo um, é apontado por esses pesquisadores como tendo registrado o substantivo nabal, como sendo o que aparece no Salmo em análise, podendo ser traduzido como: estúpido, ímpio, injusto, mau, vil, néscio e insensato. Ele deriva do verbo nabel que quer dizer abandonar, menosprezar. Assim, o insensato não é uma pessoa com algum tipo de deficiência mental, nem um ateu professo, mas ateísta prático que vive como se Yavé não existisse - esse tipo de comportamento era comum no meio do povo de Deus.

O insensato nega duas afirmações teológicas, ou seja: que Yavé exista e que exista alguém que pratique o bem, pois ele é mau, injusto e, portanto, não pratica o bem; logo ele vive como se o Senhor não existisse, pois se existisse não deixaria que o povo sofresse diante dos poderosos. Ora, para o néscio, Deus pouco se interessa com o rumo do povo Eleito, fazendo vista grossa a toda espécie de injustiça, sendo, portanto, ausente e omisso que, indiretamente, favorece a corrupção, a impunidade.

* O julgamento de Deus

No Salmo quatorze, é registrado que o Senhor debruça-se do alto céu sobre a terra e, assim, pode examinar a sociedade e detectar se há alguém sensato entre os homens. Assim, observamos (1), no versículo dois desse Salmo, o Senhor a confirmar aquilo que o salmista disse no versículo primeiro do mesmo salmo; (2) no versículo três é apontada uma corrupção geral na sociedade, e essa corrupção dá-se pelo afastamento de Deus e de Sua Lei; (3) no versículo três é ressaltado que o ser humano desviou-se de Deus e deixou de fazer o bem, e esse pessimismo do salmista é fruto da sensação de abandono e solidão. No meio dessa situação, o salmista intercede pelo povo eleito que anseia pela salvação divina.

*A acusação feita pelo Senhor ao insensato

Os versículos de quatro a seis apontam a denúncia do Senhor ao insensato como se estivessem em um tribunal. O insensato recebe outros nomes tais como: iníquo, devorador do povo - a expressão devorador do povo é uma metáfora bíblica para expressar a exploração dos pobres -, e incrédulo. A acusação em forma injuriosa é lançada contra o insensato, cuja ganância insaciável despoja dos próprios meios de subsistência aos indefesos. Sua agressão é mais grave porque as vítimas indefesas são membros do povo eleito, mas o Senhor está com o justo, e este, no contexto do Antigo Testamento, é o fiel que vive a fé e a ética das Leis de Deus. A acusação adquire o tom de ameaça, pois mostra que o Senhor está com os justos e com os humildes e o insensato será condenado, pois é culpado pela corrupção no meio do povo eleito.

* A salvação vem de Jerusalém

O salmista do Salmo em questão anseia pela salvação que vem de Sião, pois o Senhor prometeu que um dia o Salvador virá de Sião para livrar seu povo com grande poder e, portanto, aguarda pela fé a realização da promessa. O versículo sete aponta para a esperança, e esta esperança de salvação para o povo eleito é algo concreto para o salmista, pois, como em outras ocasiões, Yavé certamente irá mudar a sorte do povo, devolvendo-lhe a alegria de ser o Povo Eleito, e, aqui, a razão de citar-se o nome de Jacó em paralelo com Israel é o fato de ambos designarem o Povo Eleito de Deus.

 

 

 

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