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O Poder da Oração

 Vera Pessoa

 

Sabemos que, por meio da oração, procuramos comunicar-nos com Deus e, muitas vezes, pedimos ajuda para diminuir nosso sofrimento ou o de pessoas que estão ao nosso redor.  A antropologia teológica tem afirmado que a oração foi praticada por sociedades humanas por milênios e que alguns textos que mencionam o uso de diferentes formas de orações têm cerca de 5.000 mil anos de idade.

A oração de intercessão, ou oração a distância, é aquela que uma pessoa ora pelo benefício de outra que se localiza em um lugar diferente ao seu. A oração de intercessão tem sido crescente objeto de estudo na área  científica. Numerosas experiências e estudos, nesse sentido, têm despertado, há anos, o interesse de pesquisadores em universidades e em instituições psicológicas e médicas. E, muitas dessas pesquisas, têm mostrado resultados não esperados pelos incrédulos, revelando o poder da oração na cura.

Uma das pesquisas científicas que praticamente deu início ao estudo nessa área foi desenvolvida em 1988 pelo pesquisador Dr. Randolph C. Byrd. Sua pesquisa envolveu 393 pacientes que foram internados no Hospital Geral da Unidade Intensiva Coronária de São Francisco na Califórnia, EUA. Medindo 29 resultados de saúde, utilizando três níveis de pontuação (bom, médio ou ruim), o grupo de oração apresentou menos doenças recém-diagnosticadas em apenas seis dos 29 resultados. Byrd concluiu que "com base nesses dados parecia haver um efeito, e esse efeito se presumia ser benéfico", e que "a oração de intercessão ao Deus judaico-cristão tem um efeito terapêutico benéfico em pacientes internados em um CCU." 

No entanto, houve uma reação mista da comunidade científica a respeito dos resultados desse estudo como era de se esperar, pois a ciência desenvolve-se por meio de discussões de resultados  diferentes  e/ou iguais, entre si, obtidos nas pesquisas. Por isso, também se faz necessário que estas sejam divulgadas e publicadas. Basicamente, a crítica ao estudo de Byrd, que também se aplica à maioria de outros estudos, baseia-se no fato de que o pesquisador não se limitou às orações pelos amigos e pelos familiares de pacientes - o que, a nosso ver, não tem a importância dada pelos opositores, desde que as variáveis tenham sido controladas. Trata-se de uma questão metodológica de pesquisa. 

Richard R. Sloan, diretor do programa de medicina comportamental do Columbia Presbyterian Medical Center, por exemplo, observou em um artigo recentemente publicado no The Lancet, 2010, publicação médica inglesa, que os grupos observados por Byrd não eram diferentes em termos de duração da permanência no setor de cardiologia e da quantidade de medicamentos prescritos. Novamente, toca-se na questão metodológica da pesquisa. A nosso ver, é uma questão importante sim, mas, no caso da pesquisa de Byrd, ele usou outro método de pesquisa que não a de um método experimentalista. Sua metodologia foio check list, um método tão aceito pela ciência quanto o do controle experimental das variáveis. É um detalhe importante na discussão metodológica, entre pesquisadores, mas que não se deve anular os resultados encontrados por Byrd.

Há a discussão de que, mesmo que a oração funcione, ela não funciona tão bem assim. Pura prepotência, onipotência de cientistas e falta de fé nos "pequenos" achados pelos que assim se pautam. Dos "pequenos" achados construímos fatos "últimos". Assim se desenvolve a ciência. Temos relato de nossa própria cura de morte ao pé do Monte Sinai por meio da oração de uma irmã em Cristo. Havíamos contraído uma infecção letal no Egito que, em menos de seis horas, nos levaria a óbito; no entanto, após a oração da irmã, nosso organismo passou a aceitar água e não mais tivemos os sintomas que estávamos tendo. Várias outras curas pela oração já vivenciamos como cientistas e em nós (dados cientificamente não publicados).

Faz-se então a pergunta: conta, para a cura, a fé de quem recebe as preces? Aparentemente sim - sendo esse o dado encontrado em comum nas pesquisas estudadas e analisadas por Souza (1990-2001). Pesquisadores estudaram, em 2000, o caso de Donald, frequentador assíduo da unidade cardíaca do Veterans Affairs Hospital, de Durham, na Carolina do Norte, EUA. Ele era um paciente de Krucoff e não acreditava em todos os tipos de oração. Seu ponto de vista explicita uma das incongruências do estudo. “Nem todas as preces são respondidas”, diz ele. “Se você não acredita em Jesus, suas preces não são ouvidas”. Ele sacode a cabeça de um lado para o outro negativamente quando perguntado se os budistas no Nepal poderiam fazer algum bem a ele: “Não, não podem”. E, sequer lhe foi mencionado os papeizinhos que são colocados por fiéis nos vãos do muro das Lamentações, em Jerusalém. Nós, também, os colocamos.No entanto, os defensores da oração como provável instrumento curador permanecem afirmando que qualquer melhora é melhor do que nenhuma, e pesquisas controladas continuam a ser realizadas.

Afirmamos: pensamentos amorosos sempre fazem a atmosfera mais brilhante e mais amorosa. Quanto mais pessoas tiverem o mesmo pensamento de cura sobre uma enfermidade (mas sem posse da pessoa enferma), melhor a influência sobre o objetivo a ser alcançado, ou seja, pensamentos de intercessões mais concentrados à pessoa enferma mostram maiores influências. Assim, se nós quisermos ter uma movimentação energética resgatadora sobre alguma coisa, sobre algum assunto, nesse caso sobre a enfermidade de uma pessoa, nós temos de juntar essa força de concentração dentro de nós. Concentrarmos nesse poder curador de Deus, dentro de nós, é, primeiramente,  aprender/descobrir como fazê-lo, e, em seguida, direcionarmos esse poder de Deus para influenciar a cura ou o nível de melhora da doença de uma pessoa e do  mundo.

Como Paiva (2007) ressalta em O Comportamento Animal e as Raízes do Comportamento Humano, de Nogueira-Neto (1984, p. 60), a fé em Deus é  uma das capacidades de aprendizagem próprias do ser humano, geneticamente programadas.Podemos, então, aprender a ter fé e, consequentemente, promover o poder da oração na cura das dores.

Vejamos agora, resumidamente, o que Jung traz-nosde contribuição ao assunto abordado, que poderá ser visto por muitos como religiosidade.Duas conceituações complementares delineiam-se na teoria de Jung: uma, a religiosidade como comumente entendida, no sentido de religiões instituídas ou profissões de fé, da qual o indivíduo toma parte em ritos, celebrações etc., enraizada em práticas coletivas (culturais); a segunda, designada pelo termo “religio”, que implica em um conceito de religiosidade que dá ao indivíduo importância mais fundamental - retomando a noção clássica pela etimologia do termo “religere”, posteriormente modificado pelos santos padres na noção moderna –“religare”.

Jung, assim, percebe a religião, ou religiosidade, como uma atitude do espírito humano. Atitude que, de acordo com o emprego original do termo religio, poderia ser apontada como consideração e observação cuidadosas de fatores dinâmicos, concebidos como potências que influenciam a consciência e, portanto, a experiência.

Podemos também encontrar essa ideia de religio em outros autores clássicos. Cícero tinha opinião semelhante: “religião é aquilo que nos incute zelo e um sentimento de reverência por uma certa natureza de ordem superior que chamamos divina” (Cícero, deInventione Rhetorica, citado em Jung, 1938/1990). Em Ernst Cassirer (1997), a própria noção de homem está estritamente vinculada à noção de religio:

          

"[...] o homem é a criatura que está em constante busca de si mesmo – uma criatura que, em todos os momentos de sua existência, deve examinar e escrutinar as condições de sua existência. Nesse escrutínio, nessa atitude crítica para com a vida humana, consiste o real valor da vida humana." (Sócrates citado por Cassier,1997, p. 17).
 

São Paulo, 9.XI.2013

 

 

 

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Música: The Lord's Prayer
Compositor: Albert Hay Malotte ( 1895 - 1964)
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