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O Grito

 

 

 

O assassino de alma

Vera Pessoa

 

Por causa de atrocidades afetivas cometidas por um agressor à alma de outra pessoa, ferida planejada pelo assassino, como, por exemplo, a exploração social, econômica, sexual etc., há anos (e frequentemente),tenho discutido com colegas e amigos, de várias contextualizações sociais, a institucionalização de hospitais-dias e casas de recuperações aos agressores. O objetivo é educar, em um amplo sentido, o indivíduo lobo na pele de cordeiro, tendo como instrumentos coadjuvantes o trabalho, a educação formal, a psicoterapia e os ensinamentos das palavras de Deus.

Essas pessoas costumavam ser chamadas de psicopatas, mas, quando o nome ficou associado aos assassinatos físicos em série, passou-se a rotular de “sociopatas” - essas pessoas que são um perigo para a sociedade e para o individual, mesmo que jamais cheguem a matar fisicamente alguém.Embora seja classificada como doença pelo DSM-IV-TR e pelo CID-10, manuais de diagnósticos usados por profissionais da saúde, para classificação de tipos de transtornos mentais, a sociopatia destoa das demais classificações.

O sociopata tem o dom de nos tirar do sério. Comporta-mento que nunca tínhamos praticado, como uma dura ver-balização/repreensão, pode vir à tona sem que tenhamos pla-nejado. O sociopata é um ser sensível e até possui conhe-cimento prévio dessa sua “ca-pacidade”. Destacamos, tam-bém, que esse tipo de persona-lidade tem boa memória, em-bora diz não possui-la, mesmo tendo passado pelo mundo do vício.

Doenças são aflições nas quais o corpo para de funcionar normalmente, de maneira tal que ele se amarra,ata. No entanto, o contrário ocorre na ótica do tipo de agressor que mencionamos (o assassino de alma) - para este, a doença é benéfica! Dá-lhe lucros!

Deixe-me explicar: O cérebro da grande maioria das pessoas tem regiões que fazem intuir automa-ticamente o que o outro está pensando ou sentindo. Desta forma, somos capazes de sentir, sorrir, sofrer, chorar e ter raiva do outro e de levar essas emoções em consideração, antecipa-damente, na  hora de  organizar nosso

comportamento. É essa capacidade que nos torna seres sociais. Funciona como um excelente freio: temos vontade de dizer um palavrão a quem nos fez mal e, às vezes, de surrar ou mesmo esganar – mas a mera antecipação do sofrimento alheio a ser causado nos impede de seguir adiante. Assim, todos nós ganhamos.

A capacidade emocional-cerebral de antever o sofrimento que se possa causar ao outro não é pertencente ao que nasceu com um cérebro, digamos, diferente. Cerca de 1% da população, dependendo dos critérios usados, tem um cérebro capaz de sofrer com as próprias dores, de sentir medo, angústia e prazer – mas suas emoções só dizem respeito a si mesmo.

Seu cérebro não desenvolve, por si só, a capacidade de se importar com a dor alheia, muito menos com aquela causada por ele próprio. Nessa categoria, está inserido o sociopata, que não possui o auto sentimento do freio da emoção alheia. Seu cérebro tem a liberdade de tomar as decisões que mais o beneficiam. São indivíduos perfeitamente racionais, frios. Assim, fica possível manipular a família, a amante, os amigos, o cônjuge e todos que estão à sua volta: mentindo, roubando, ferindo e matando. Vejam, estou a tratar, em destaque, do roubo e da morte emocionais.A sociedade precisa aprender a reconhecer e a tratar os sociopatas, independentemente da idade.

O sociopata, mormente, é ligado às linguagens artísticas, sendo fortemente admirado pelo sexo feminino, por exemplo. Ele tem à flor da pele o desejo sexual e o pratica com sede, utilizando-se dessa ferramenta para atrair a sua presa. O sociopata é, por natureza, um predador – e só ele ganha com a sua doença. Ele não tem remorso pelo vandalismo moral que pratica, pois esse sentimento exige a capacidade de se colocar no lugar do outro e sentir a sua dor.

Destaco um viés que observo em um dos ditados populares: “todo artista é louco”. Esse até o pode ser, mas não porque é um artista.Observam-se poetas, artistas plásticos, músicos, teatrólogos e outras pessoas ligadas às artes que não são sociopatas. No entanto, há pessoas não ligadas às artes que podem ser sociopatas.

O nome - estigma de sociopata, contudo, ainda é apropriado, pois a sociopatia é um problema para a sociedade e para o outro. É uma “doença” que causa intensos sofrimentos à pessoa afetiva que se relaciona amorosamente com esse enfermo. Esse tipo de problema, seriamente emocional, floresce de maneira especialmente fácil em sociedades como a brasileira, que carrega uma “culpa” social tamanha, que aceita com facilidade que o mau caráter de alguns também é culpa dela. Assim, os sociopatas, “pobrezinhos”, fazem as suas festas. Como anteriormente afirmei, a pessoa sociopata é sensível, sendo capaz – como ouvimos - de ler a alma do outro, mesmo possuindo uma considerável (fortemente) labilidade emocional, e, ao perceber esse seu álibe, “deita e rola”.

Quem precisa se cuidar, portanto, somos nós, os que se preocupam com os sofrimentos dos outros. Por isso, podemos virar presas fáceis para os sociopatas. Para nós, o melhor tratamento é saber que a sociopatia realmente existe, infelizmente, e fazermos forças para não nos deixarmos virar vítimas, usando as nossas inteligências.

Para o sociopata “não há” tratamento tradicional conhecido, correção ou possibilidade de recuperação, além de regras claras mantidas com mão de ferro. Ao contrário da adolescência, que “passa”, a sociopatia é desde sempre e para sempre. Jovens sociopatas de 13 a 18 anos de idade incompletos ou até os de 21 continuarão sociopatas – e se já agem como tais deveriam ser reconhecidos e tratados como tais.

Por isso, sou a favor da maioridade penal aos 18 anos de idade, mas tratarmos sociopatas de qualquer idade como sociopatas que são, pois representam um grande perigo para a sociedade. Bem como criarmos leis educacionais e jurídicas duras, pois poderemos ter diante das nossas crianças e dos jovens “doentes” não percebidos pela imediata percepção e não considerados assassinos. Contudo, essas pessoas são mais hediondas do que o assassino do físico, porque elas ferem a emoção, a alma, os bens divinos.

          Agora estamos a orar a Deus para que não faças mais mal algum, não para que, simplesmente, sejas aprovado pelas pessoas e nem por nós, mas para que faças o bem, embora sempre todos nós  sejamos reprovados   em tudo  que  fizermos. Nada  podemos  contra as inverdades,  as injúrias e as maledicências daqueles que se alimentam de suas  próprias  línguas, senão que procuremos viver em favor da verdade do Senhor.Sabemos, Jesus, que esse que é assassino de almas,provavelmente por não ter plena consciência do que causa em si e no outro,  merece amor de ti e  do humano em  setenta vezes sete diferentes oportunidades. “Porque nos regozijamos quando nós estamos fracos”,  e que tu,  ó infeliz alma  assassina, sejas forte, pois,  assim, poderás  provar ao mundo  que o amor de  Deus  liberta-nos  de  todos  os males,  das doenças   físicas,  da  alma, do  emocional e  do  espiritual   pela superabundância da graça de Deus que há em nós. Graças a Deus pelo  seu dom infalível e indiscutível. Amém, amém e amém, oh,  Espírito de Deus.

 

São Paulo, 17.VII.2013
 

 

 

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