Vejo nas entranhas da montanha uma morada prazerosa
Com aposentos infinitos, recatados, claros e venturosos.
Do colo de sua habitante está a escorrer o perfume dos colares
Que não a acompanharam, mas estão a vigiar o vaivém dos sonhos.

No tempo em que eu era menina colocava sapatinhos debaixo da cama,
Brincava de arco–íris com os versos e cantava com roupa hebraica.
O leite do sorriso dela encantava-me e via brotar do mármore rosado!
Pelo carmim dos seus lábios notava-se a boa fé que não era poupada.

Seus ossos estão agora adormecidos em nós cegos entrelaçados,
Mas seus braços, pernas, boca, ombros e colo ainda parecem humanos.
O seu mansíssimo e amoroso falar pela alma estão a anunciar Jesus:
Ela prega que há anos Ele nasceu! O seu crânio medita, sente e me diz:

Verinha, filha minha, feliz ao lado Dele estou – por favor cante,
Cante e cante.
Declame ainda mais.
Anuncie que é pura e grande a benção de estar ao lado do Vivo Jesus!

Ontem, hoje e sempre será o Seu Eterno Natal!
 

São Paulo, 12.XII.2015.