Vera
Pessoa
Inquietante sonhei um sonho que me dizias:
“Eu
tive um sonho de como minha vida seria
Tão
diferente deste inferno que estou vivendo
Tão
diferente agora daquilo que parecia
Agora a
vida matou o sonho
Que eu
sonhei.”
Ouça-me
com a tua alma: descortinei o inverno ao me distanciar de ti.
De ti recebi mil cuidados e delícias que jamais na terra perduram.
Perduram sim na camada mais arcaica do cérebro nos dias negros.
Nos dias negros, sonhemos...
Ah, sem
ti quantos gelos senti, sinto!
Sinto, mas com a força racional as ondas do mar vão e vêm!
Ó
mútuos sonhos que nos acompanham, mas é o dezembro emoldurado.
Emoldurado pelo estio que é tão longo nesta bucólica, antiga data.
Data que, por tantas vezes, seguimos juntos a cantar no templo e
serenata.
Contudo,
ainda sei que é plena a espera da nossa opulenta prole na primavera,
Porque o verão do Sol nascente nos seguirá e, mais ainda, a mútua
alegria.
Deus, o mar, as flores e os pássaros não cantam felizes quando
unidos não estamos.
Assim
conta o canto antigo sobre os cristais reunidos por aposição!
Em
qualquer dimensão entoaremos vistosas, luzentes músicas,
Almas gêmeas permanecem sempre, eternamente unas.
Logo, a
vida aqui não matou o sonho que sonhamos, Deus assim me diz!
São
Paulo, 14.XII.2015.
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