Tela: Artista Celito Medeiros

 

 

 

Vera Pessoa

 

Não somos aquelas pessoas céticas que pensam que a religião e que o estudo da Bíblia são objetos de pessoa boba e atrasada, assim como falar sobre a Palavra - apesar de já ter aprendido no Curso Primário lá em Goiás com nossa professora Edna de Roure que Jesus Cristo é Deus Uno; de ter assimilado dos meus pais, avós e tios essa verdade inteira; de estudar de forma razoável e crítica a produção filosófica de algumas religiões, bem como ler textos de filósofos cristãos e não. E, também, apesar de, a partir dos dezoito anos de idade, ter apreendido a crítica de que os três cavaleiros do ateísmo contemporâneo, Marx, Nietzsche e Freud, fizeram à religião, nós continuamos a pesquisar e a refletir sobre essas questões com seriedade e muita sede.

Então nos perguntamos: Qual é mesmo a crítica dos cavaleiros do ateísmo contemporâneo? Sinteticamente nos respondemos: depois de Marx, se a pessoa é religiosa, ela é considerada uma alienada e explorada por pessoas sem éticas que fazem pregações políticas e espirituais. Ela é um ser que não consegue lidar razoavelmente bem com os traumas de que o pai não a amava incondicionalmente e que a mãe não sentava ao seu lado ao estudar e a namorar - fatos que podem levar uma pessoa a ver e a ter em Deus os pais ideais. Agora, percebemos, também, que podemos não concordar em grande parte com o que nos disseram os três citados cavaleiros, mas que podemos absorver alguns conceitos deles.

Bem, o que está a nos preocupar nesses turbulentos momentos de pré eleição, eleição e pós eleição brasileira é o que rasamente rotulam de masturbação espiritual quando não observamos esse comportamento espiritual na “nossa” presidenta Dilma. Bem, isso poderia levá-la, consequentemente, segundo afirmam, a um narcisismo a serviço de uma falsa busca espiritual, o que poderia conduzi-la a um pensamento todo poderoso como, por exemplo – “Ah, o universo conspira a meu favor dando-me todo o conhecimento e poder nos céus e na terra”. Consequentemente, essa busca espiritual não teria qualquer transcendência, levando-a a ter uma relação somente Dilma versus Dilma, totalmente deslumbrada consigo mesma.

Num desses amargos dias, veio-nos à lembrança alguns conceitos do psicanalista inglês Donald Wood Winnicott e do sociólogo alemão Norbert Elias, chegando aos nossos ouvidos, como por um bondoso vento, um trecho de um de seus livros. Ouçam pausadamente e profundamente comigo:

"Hoje, com o imenso acúmulo de experiência, não podemos mais deixar de nos perguntar se esses sonhos complacentes não têm, a longo prazo, consequências bem mais indesejáveis e perigosas para os seres humanos em sua vida comunal que o conhecimento bruto e sem retoques". (A Solidão dos Moribundos, editora Zahar).

Ah, parece que começamos a compreender...

Os comunistas, os céticos, pensam que as pessoas “espiritualizadas” passam a vida buscando a si mesmas? Que elas morrem de medo da responsabilidade pela vida afora diante do horror ao silêncio de um universo indiferente (Nietzsche), agoniadas com a "castração" dos pais (Freud) e que preferem gastar dinheiro com gurus inócuos (Marx)? Ah, Verinha, essa pessoa que se masturba espiritualmente faz mais mal ao mundo do que quem diz diretamente na cara dura que o que você acredita é pura bobagem e é fruto de uma devastada loucura!

Agora, pensando bem, lembramos que a presidenta Dilma estava toda vestida de branco ao receber a notícia de sua vitória sobre o Aécio - ela de branco ao lado de seu papai também vestido de branco! Mas, aí, de repente, recebemos um soco na cabeça, paramos e estamos a pensar:

A filosofia em geral, e especialmente a marxista, não pode e não deve nos ensinar a humildade diante da dor? Não é importante ressaltar que, segundo Winnicott, a independência nunca é absoluta? O indivíduo sadio não se torna isolado, mas se relaciona com o ambiente e com as pessoas de tal modo que pode se dizer que ambos se tornam interdependentes.

São Paulo, 28.X.2014

 

 

 

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Música: A Mesma Pessoa

Artista: Fagner – de Fagner e Fausto Nilo
 

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