Vera
Pessoa
1. Oh!
Quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união!
2. É como o óleo precioso sobre a cabeça, que desce sobre a barba, a
barba de Arão, e que desce à orla dos seus vestidos;
3. Como
o orvalho de Hermom, que desce sobre os montes de Sião; porque ali o
Senhor ordena a benção e a vida para sempre. Salmo 133.
Esse
Salmo que contém apenas três versículos é atribuído a Davi. Não se
sabe se ele foi escrito como resultado de uma meditação isolada ou
de um momento em que toda Israel juntou-se a Davi, e Deus lhe dera
Jerusalém. A vida de Davi mostrou ênfase trágica às suas palavras;
no entanto, nesse salmo, não há sinal de ironia ou de pesar.
Pelo
título do Salmo, A excelência do amor fraternal, ainda que
diferente entre traduções bíblicas, podemos interpretar que ele se
refere a uma relação humana fraternal. Essa interpretação tem uma
pequena sustentação na ênfase dada a Sião, no versículo três desse
Salmo.
"Oh!
quão bom e quão suave é
que os irmãos vivam em união."
(Versículo
1)
A
expressão "que os irmãos vivam em união" tem um paralelo quase
idêntico em Deuteronômio 25:5, que meramente se refere a uma família
extensa que vive perto de outro familiar.
Alguns
estudiosos viram nesse salmo uma exortação no sentido de restaurar
ou preservar esse padrão social; ou como louvor pelas reuniões das
famílias que as festas peregrinas possibilitavam.
Por
outro lado, há a hipótese de que esse conceito é demasiadamente
estreito, pois todos os israelitas eram irmãos, entre si, diante de
Deus; inclusive os endividados, os escravos e os malfeitores (Deuteronômios
15:3).
O Salmo
133 canta o viver à altura dessa relação fraterna, dando
profundidade e realidade à palavra que se enfatiza: União.
"É
como o óleo precioso sobre a cabeça
de Arão, que desce pelas suas barbas
e pela gola do seu manto sacerdotal."
(Versículo
2)
As
traduções mais antigas exageram esse quadro ao entenderem que a "boca"
ou a "abertura" das vestes de Arão era a "orla", ao invés de tratar
da gola (Êxodo 28:32).
Essa interpretação daria a entender uma inundação, ao invés de uma
unção.
O Salmo
em foco não necessita de uma interpretação com semelhante exagero
para retratar um povo diferenciado e integrado, como também para
ressaltar um sacerdote e suas vestes. Um povo no meio do qual as
bênçãos divinas não são direito reservado de algumas pessoas.
No livro
de Êxodo, capítulo vinte e nove, versículo vinte e um, encontramos
que o óleo, ao ser derramado sobre a cabeça, uma parte dele deveria
ser aspergida sobre as vestes (nota-se que aspergido significa, no
contexto, a purificação, a santificação).
Embora a
fragrância do óleo não seja mencionada aqui, de modo explícito, fica
subentendida na expressão "o óleo precioso", cujas especiarias são
especificadas no Capítulo trinta de Êxodo, no versículo vinte e três.
"Como o
orvalho de Hermom que desce
sobre os montes de Sião; porque alio
Senhor
ordena benção e a vida para sempre."
(Versículo
3)
Hermom,
a montanha mais alta em Israel, era proverbial pelo seu orvalho
pesado, mesmo assim, o pequeno monte Sião também desfrutava da mesma
dádiva. A segunda metade desse versículo aponta outra ênfase do
Salmo, ao ressaltar, fortemente, a iniciativa de Deus. Deus ordena e
somente Ele pode dar a vida para sempre.
A
verdadeira União vem de cima, vem dos céus; é doada, ao invés de ser
planejada. A verdadeira União é uma benção! Benção bem mais do que
uma mera realização.
Nessa
mesma parte do versículo temos o impacto final da mensagem desse
Salmo em questão. Impacto dado pelo salmista aos versos que acabamos
de analisar.
Porque
ali o Senhor ordena a
Benção e a vida para sempre.
Ali, oh!
Jerusalém!
Onde os
israelitas se encontravam
Nos átrios de Deus
Ali, oh!
Jerusalém!
Onde se
podia encontrar a
Paz Celestial
Ali, oh!
Jerusalém!
Onde o
Senhor ordena a benção
E a vida para sempre!
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