Dói-me indigentemente
O cérebro
O corpo
O coração
O distante olhar
Todas as passagens
Que nós outrora vivemos!
No leito de dor estás
Muito delgada estás
Muito distante estás.
Muito calma
ainda estás!
Muito linda
ainda estás!
Muito afetiva
ainda estás!
Ah! Quantas dores
Nosso Deus!
Hoje de pé ao teu lado
Arrepiei,
Sussurrei,
Balbuciei,
Gaguejei:
Estou a ir embora,
Mas logo eu voltarei!
Tu abristes teus lindos
Olhos cor de doce mel!
Virastes teu belo rosto
Fixando-o nos meus olhos!
Alisava um dos teus braços
Muito alvinho, e o beijei.
E como quase te pedindo
Avisei que tua linda testa
Estaria a beijar, e fui
Afagando os teus cabelos.
Beijei suavemente a tua testa
Com uma profunda serenidade
Vinda somente de Deus!
Então, com voz suave mas firme
Do meu intenso interno lhe disse:
Eu te amo!
Ai, nosso Deus!
Para todo sempre,
Sempre estou,
Estou a me despedir?
Teus tranquilos e amorosos
Lábios abriram-se num botão
De flor! A ele trêmula aproximei
Com reverência um dos ouvidos.
Ah, o tempo tornou-se eterno
Quando ouvi de sua alma a doce canção:
Eu te amo!
Meu Deus! Como pela última vez
Deste-me aquele milagroso,
Mágico beijo!
Ai,
nosso Deus!
Para todo sempre,
Sempre Virgínia,
Virginia está a se despedir?
Ah, teu beijo de filha angelical
Cunhou extraordinariamente
Minha alma sempre eternamente!
Clareando minha alma suavemente...
Ora, assim percebi que estás espiritualmente!
Ah,
nosso Deus!
Para todo sempre,
Sempre, Virgínia e Eu,
Virginia e Eu estamos a nos despedir?
Por longos, encantadores anos
Tu fostes
Tu és
Tu serás
Eternamente
As meninas azuis dos olhos meus!
Ó
vai, Estrela minha ...
São Paulo, 20.XI.2014
03h21m
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